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Turismo Espacial

Mariana Bruzzi
mar. 21, 2022

Há algum tempo, mais especificamente de 16 anos para cá, têm-se estudado e falado sobre a possibilidade de viajar para outros planetas. Pera, mas isso já não foi feito? Sim, com certeza! Mas não na escala em que está se tornando viável, aberta para outras pessoas além de organizações governamentais que enviam astronautas para missões específicas de exploração e estudo. Em uma nota mais “ousada”, a CNN Brasil, junto com outros portais de notícias, afirma que 2021 foi o ano do turismo espacial. Mas para quem?


Se quiser saber mais a respeito, além dos nomes que estão viabilizando o seu desenvolvimento e as previsões de quando devem começar as viagens, continue lendo.


O que é?

Antes de tudo, é preciso entender do que se trata o turismo espacial. Pelo nome você já deve ter uma ideia, mas vamos aprofundar. Como foi dito, até pouco tempo atrás, as viagens para fora da crosta terrestre eram feitas apenas por organizações governamentais como a Administração Nacional do Espaço e da Aeronáutica (NASA) que é a Agência Espacial dos Estados Unidos, a Roscosmos, da Rússia e a Agência Espacial Europeia (ESA).


O que muitos não sabem, é que elas tinham apoio de companhias privadas, como a Boeing, Northrop-Grumann e Lockeed Martin, que também atuavam neste ramo auxiliando em missões técnicas e científicas, mas sem capacidade própria de lançamento.


Apesar da recente alta no assunto, a primeira vez que humanos foram ao espaço por diversão já faz algum tempo, em 2001. Na época, o ex-engenheiro da Nasa, Dennis Tito decolou em uma nave russa Soyuz-U.


As coisas passaram a avançar mais rápido quando o turismo espacial passou a ser alvo de desejo de bilionários, o que gerou uma oportunidade de negócios e levou ao surgimento de empresas como a Virgin Galactic e a Blue Origin. Nesse cenário, nasceu também a SpaceX, empresa do bilionário Elon Musk, no ano seguinte da viagem de Dennis Tito.


Os resultados foram que 18 pessoas tiverem o privilégio de “passear” pelo espaço sideral. E quando eu digo espaço, isso significa que a embarcação deve ultrapassar pelo menos 80km acima da superfície, segundo os padrões da NASA, da Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA) e das Forças Armadas do país e diversos astrofísicos. Porém, a adoção dessa distância não é um consenso.


A Federação Aeronáutica Internacional (FAI) adota a Linha de Kármán como a referência de fronteira entre espaço sideral e o campo terrestre. Ela fica a 100km da superfície. No fim das contas, a distância de praxe adotada dependerá da estipulação da companhia de turismo espacial que estiver disponibilizando a viagem. E é importante ficar atento a isso, para saber se a passagem divulgada de fato vai para o que se estipulou como espaço sideral e não apenas se vende como tal.



Mas o turismo espacial não se limita apenas a orbitar a Terra. O intuito é que haja passagens para a lua e até mesmo marte! Mas falaremos disso com mais detalhes adiante.


A quem se de$tina

Afinal, como funcionará o turismo espacial? Qual o público deste mercado? Já adianto que não é para o consumidor médio. Você não verá passagens em sites como 123 Milhas, Decolar e similares anunciando passagens promocionais de foguete para o espaço. Na verdade, elas custam uma pequena fortuna.


Até o ano passado, as empresas de turismo espacial comercializavam suas vendas apenas através da inscrição em lista de espera. As passagens passavam dos milhões de dólares cada. Uma única passagem foi arrematada em leilão por US$28 milhões de dólares.


Porém, a partir de fevereiro desse ano, a Virgin Galactic anunciou passagens por US$450 mil para passar alguns minutos no espaço. Para a inscrição é necessário um depósito de US$150 mil para reservar seu lugar. A viagem inteira tem duração aproximada de 90 minutos, contando a duração da subida, saindo da base espacial Spaceport America, no deserto de Novo México.


Na decolagem, um enorme avião-portador decola da pista para então liberar a nave em que estão os passageiros e que seguirá a viagem. Seu motor é acionado até alcançar os 80km de altitude. A partir daí, os passageiros podem desatar os cintos e experimentar a gravidade zero e admirar a paisagem diferenciada.

Interior nave espacial Virgin Galatici



No geral, a precificação das passagens fica entre US$250 mil até singelos US$55 milhões (R$300 milhões).


Mas ainda não acabou! Ter o dinheiro para a passagem não é o único pré-requisito. Há alguns critérios importantes para que se possa decolar com segurança e que variam de empresa para empresa. A Blue Origin estipula uma idade mínima de 18 anos para que se possa se aventurar no espaço, além de uma altura mínima de 1,50m e menos de 1,92m e um peso de 50kg a 101kg.


Veja alguns dos pré-requisitos abaixo:


  • Capacidade de escalar a torre de lançamento da nave New Shepard (o equivalente a sete lances de escadas) em 90 segundos e de andar em superfícies ligeiramente desniveladas;
  • Prender-se e soltar-se do cinto de segurança em até 15 segundos;
  • Ser capaz de suportar uma força de até três vezes a aceleração da gravidade (3 Gs), por cerca de dois minutos (sendo essa uma das sensações na decolagem – durante o voo, essa força pode chegar a quase 6 vezes durante alguns segundos);
  • Escutar e compreender instruções em inglês de membros da tripulação ou de comunicadores de rádio, em um ambiente em que o volume do som pode chegar a 100 dB.


A Virgin Galactic é menos exigente quanto aos pré-requisitos. Basta estar em boa forma física e participar da etapa de treinamentos, que acontecem durante três dias no Spaceport America (Espaçoporto América), localizado no Novo México, EUA.


Esses treinamentos envolvem ensaios de microgravidade, recomendações de segurança (especialmente para os momentos de alta aceleração) e instruções sobre os equipamentos de proteção individual (EPI) a serem utilizados no voo. Além disso, os futuros tripulantes contam com uma equipe médica especializada, que os acompanha até o momento da decolagem, garantindo sua integridade física e mental no processo.

A SpaceX, por sua vez, ainda não formalizou suas diretrizes de lançamento de turistas ao espaço.


A intenção é que conta?

Nem só de passagens milionárias vivem as companhias, ou pelo menos é o que a SpaceX quer atingir. Sua intenção é tornar as passagens mais acessíveis, com custo por peso. De forma que, se o interessado pesa 60kg, ele poderia comprar a passagem por US$600, se pesar 90kg, US$900 e por aí vai.

No entanto, há uma dificuldade por parte de algumas pessoas, como o redator Ryan Huynh em acreditar que isso vai acontecer em algum momento próximo. Essa suspeita foi em 2017, quando já haviam divulgado a intenção de baratear o trajeto! Já estamos em 2022 e os preços de passagens para o espaço continuam exorbitantes.

Isso porque o desenvolvimento das tecnologias é um tanto quanto imprevisível, pois não basta apenas o desejo de um bilionário para que as coisas evoluam de forma mais acelerada do que os testes e conhecimento adquirido permitam. Os engenheiros e cientistas precisam de tempo para desenvolver tecnologias inovadoras para então averiguar se elas são funcionais e seguras. Jeff Bezos e Richard Branson – donos da Blue Origin e Virgin Galactic – prometiam trazer as naves espaciais para o setor privado há mais de duas décadas antes de cumprirem.

Apesar de tudo isso, ao observar o histórico da precificação de tecnologias, é fato que, quando lançadas elas são muito caras e com o passar do tempo elas se tornam mais acessíveis. Foi assim com o celular, a televisão, os carros e segundo Elon Musk, será assim com as naves espaciais. A questão não é tanto o “se” e sim o “quando”. Pode demorar um bocado.

 

Me conta, qual a sua opinião sobre o turismo espacial?

Em breve, voltamos com mais notícias sobre o turismo espacial.



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