Sustentabilidade No Varejo
Sustentabilidade hoje
O tema sustentabilidade permeia todas as frentes na contemporaneidade, e isso inclui o varejo. Pode-se dizer que isso é uma vitória, pois antes de tudo, a sustentabilidade é a preocupação com a qualidade do futuro que estamos gerando com as atitudes de hoje. Apesar do conceito ser discutido desde os anos 70, infelizmente, o varejo ainda encontra dificuldades para implementar práticas sustentáveis. A empresa de consultoria Bain & Company realizou uma pesquisa que mostra que nove em cada dez varejistas avançaram menos ou muito menos do que esperavam em questões de sustentabilidade nos últimos anos.
Apesar de, a médio e longo prazo a sustentabilidade ter um bom retorno de investimento, as margens do varejo não deixam muito espaço para investir. Além disso, o cenário econômico representa outra barreira, com taxas de juros elevadas, endividamento alto e consumidores mais cautelosos nas compras.
Um estudo da Nielsen sobre Estilos de Vida feito em 2019, revelou que 42% dos brasileiros estão mudando seus hábitos de consumo para reduzir o seu impacto no meio ambiente. Portanto, apesar das barreiras encontradas, a relevância do tema para o consumidor está em voga. E uma vez construída a consciência crítica voltada para isso, o padrão de consumo jamais será o mesmo.
Portanto, com cada vez mais discussão em torno disso, a largada para uma mudança de massa crítica foi dada. Isto está ligado principalmente ao fato de que as pessoas estão percebendo a seriedade das consequências globais de um consumo desenfreado. Isso fica ainda mais nítido quando vemos que o mercado de ações estão fazendo alterações, como a implementação de selos
ESG em ações para potencializar a visibilidade de empresas sustentáveis.

A evolução no varejo
Executivos de varejo defendem que, para que a pauta avance verdadeiramente no setor, ela deve ser colocada como prioridade e não em segundo plano. A mudança deve ser, antes de tudo, na mentalidade. Enxergando a empresa como parte atuante da comunidade. O CEO da fabricante de roupas Grupo Malwee, Guilherme Weege defende: "As discussões sobre sustentabilidade não podem começar pelos departamentos de marketing, como é bastante comum. Essa preocupação precisa estar inserida no cotidiano da empresa, para, então, ser comunicada com transparência".
O futuro é sustentável e a resistência em se adequar a isso pode levar muitas empresas a enfrentarem dificuldades financeiras, já que muitas varejistas recentes, já iniciam a sua trajetória pautada no consumo consciente. Além disso, a diminuição de desperdícios reduz custos, por consequência aumentando o lucro. A comunicação das empresas deve acompanhar as investidas, enfatizando as boas práticas e utilizando rótulos e selos condizentes.
Algumas marcas estão recapitulando velhos hábitos como a utilização de embalagens retornáveis. A Coca Cola é um exemplo disso. Recentemente, revelaram que o antigo hábito de levar de volta as garrafas para os mercados e vendinhas está se tornando novamente atual. As tais garrafas retornáveis já representam 27% do volume de vendas na América Latina e esse número continuará crescendo, em um compromisso de reduzir os resíduos no mundo. Entre 2018 e 2019, tiveram o maior índice de crescimento em todo o sistema.
Veja abaixo alguns motivos que a Coca Cola cita como benefício por utilizar garrafas retornáveis:
“
- Uma garrafa retornável pode ser reutilizada, em média, de 15 a 25 vezes.
- Ao chegarem ao fim de todos os seus ciclos de vida, as retornáveis podem ser encaminhadas à reciclagem de PET.
- São a base de uma economia circular que reduz os resíduos e as emissões de carbono. Reutilizar embalagens causa menor impacto ao meio ambiente do que a cadeia produtiva que gera novos recipientes.
- Mais acessíveis ao consumidor.
- São totalmente seguras para a sua saúde. Depois de devolvidas aos pontos de venda, são levadas de volta para a fábrica, onde passam por higienização e análise, com um rigoroso controle microbiológico realizado por meio de diversas etapas.
- A solução e água utilizadas para higienizar as garrafas retornáveis são devidamente tratadas e também analisadas antes de retornar ao meio ambiente.
- Esse movimento traz mais agilidade à logística da empresa e mais opções de troca ao consumidor.
- Controle total sobre sua destinação após os ciclos de uso. As retornáveis voltam às fábricas através dos caminhões da empresa e de lá são remetidas à indústria recicladora.”

Exemplos
Uma dica para quem não sabe por onde começar é a importância de considerar todo o ciclo de vida dos produtos, desde a seleção de materiais e fornecedores até a logística e o descarte responsável. O investimento em tecnologias e processos que reduzam o consumo de recursos e minimizem o impacto ambiental são elementos chave.
Aqui vão algumas aplicações do conceito no varejo indicadas pelo Sebrae:
redução do consumo de água e energia (lâmpadas mais econômicas, eletrodomésticos inteligentes) ou mesmo utilização de fontes alternativas de energia e aproveitamento da água;- substituição de matérias-primas poluentes por outras mais sustentáveis, principalmente nas embalagens, evitando o uso de descartáveis e plástico;
- transparência na origem dos produtos e na forma como eles são feitos;
- utilização de produtos locais;
- valorização do artesanato da região;
- uso de produtos orgânicos no caso de alimentos e bebidas;
- disponibilização de pontos de coleta para reciclagem (óleo de cozinha, baterias, lâmpadas, garrafas pet, latinhas, entre outros) e colaboração com a coleta seletiva;
- substituição de serviços que utilizam o papel por alternativas eletrônicas, como etiquetas e cardápios, por exemplo.
Bônus:
- educar e engajar os colaboradores na causa.
Atualmente, a adoção de práticas sustentáveis ainda é um diferencial que as empresas oferecem, mas a tendência é que em breve, isso será uma exigência.